Em qual contexto ocorreu a visita do diretor da CIA William J. Burns ao governo militar de Bolsonaro?

Por André Takahashi

Em qual contexto ocorreu a visita do diretor da CIA William J. Burns ao governo militar de Bolsonaro? Por André Takahashi

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Imagem: reprodução da internet

Em qual contexto ocorreu a visita do diretor da CIA William J. Burns ao governo militar de Bolsonaro? Segue alguns elementos que o camarada Hugo Albuquerque me abriu os olhos.

– Retorno do MAS de Evo Morales ao poder na Bolívia e realinhamento com Venezuela, China, Cuba, Rússia e Irã.

– No Chile, a direita não conseguiu o 1/3 na Assembléia Constituinte que lhe daria poder de veto à propostas da esquerda que, junto com os independentes, conformam maioria.

– O pré-candidato à presidência do PC Chileno, Daniel Jadue, é o favorito para a próxima eleição presidencial.

– Pedro Castillo, representante de uma esquerda socialista nacional e popular, distante inclusive da esquerda do Partido Democrata e da esquerda européia, ganhou a eleição presidencial no Peru com forte apoio de Evo Morales e do MAS.

– O governo venezuelano continua sobrevivendo, apesar do bloqueio econômico que reduziu praticamente a zero as exportações de Petróleo e das incursoes de paramilitares colombianos em seu território. O apoio russo e chinês é fundamental pra essa sobrevivência.

– Na Colômbia, país membro da Otan e principal aliado militar dos EUA na região, a rebelião popular não pára mesmo com violência policial, sequestro e assassinato de militantes.

– Cuba, não só resiste como enviou médicos para todo o mundo durante a Pandemia e desenvolveu vacinas próprias que serão distribuídas ou vendidas na América Latina, África e Ásia.

– A Argentina pende cada vez mais para um alinhamento político e econômico com China e Rússia.

– No Brasil, os movimentos de rua pelo Fora Bolsonaro se fortalecem e Lula lidera sozinho a corrida presidencial após a anulação de suas condenações.

– E na véspera da visita do diretor da CIA houve a comemoração do centenário do Partido Comunista da China, principal rival da Pax estadunidense. E em todos os países citados a China é cada vez mais um fator de contra-peso ao imperialismo estadunidense.

Os gringos estão de olho na América Latina e estão preocupados. Pelo visto, quem apostou que a eleição de Biden ajudaria a isolar Bolsonaro (eu fui um desses) pode ter se enganado. Inclusive, historicamente os governos dos democratas são os mais hábeis em viabilizar desestabilizações e golpes de estado. E eles não tem problema nenhum em se aliar com personagens desprezíveis, como bem mostra o apoio à medieval monarquia saudita.

Não podemos esquecer que o grampo global da internet denunciado por Snowden e a restauração conservadora na América Latina viabilizada via Lawfare e Guerra Híbrida se deu principalmente sob o governo Obama.

Soma-se a isso o recuo de mídias internacionais, muitas alinhadas aos democratas, em taxar Bolsonaro do que ele realmente é: GENOCIDA.

Está se desenhando um cenário preocupante para os próximos meses, e essa visita descarada da CIA indica que Bolsonaro pode, inesperadamente, ter o aval do governo Biden para suas loucuras, inclusive o golpe de estado.