11 de Setembro: o dia em que vimos o espelho mágico do ocidente desabar

Por Elidio Alexandre Borges Marques

11 de Setembro: o dia em que vimos o espelho mágico do ocidente desabar – por Elidio Alexandre Borges Marques

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Imagem: reprodução da internet

O 11/9 atingiu um país em crise. Econômica, há já alguns meses naquela data. Política, pela falta de legitimidade de seu então presidente nem tão eleito. Estratégica: sem saber o que fazer com sua posição dez anos depois da perda de seu inimigo, já vendo uma ascensão chinesa irresistível e sem ser capaz de produzir estabilidade no restante do mundo.

O 11/9 significou um salto de desumanização e brutalidade. O primeiro grande atentado terrorista transmitido ao vivo e desde o centro da civilização ocidental. Logo se lembraram os inúmeros ataques do ‘império” mundo afora, os golpes, ditaduras, o estímulo aos fundamentalismos “úteis”. Mas as ações nos céus dos Eua não eram inaceitáveis somente na forma; não continham proposta de futuro nem bom nem para todos. Guerra de barbáries.

As “respostas” ao 11/9 atingiram colunas de sustentação importantes da ordem pós-guerra:

os Eua assumiram que seu compromisso com as liberdades era condicional e superficial, uma peça mais retórica que real, surpreendendo até a alguns de seus críticos mais duros e de seu sistema que imaginavam que “os direitos civis” seriam sempre “funcionais” em quaisquer épocas e lugares.

os Eua e seus aliados romperam com o compromisso pós-guerra produzindo as agressões menos justificáveis e eficazes (para seus objetivos declarados, ao menos) em muito tempo: Afeganistão e Iraque.

Os Eua, seu governo e economia, saíram do 11/9 mais fortes no imediato, mas cavaram para o mundo e para si próprios uma cratera difícil de sair: um mundo em que são menos legítimos como líderes, menos estável, menos confiáveis e que desgovernam de forma menos solitária. Algo a comemorar no “declínio”? Só quando, onde e na medida em que a brutalidade dos brutalizados for sendo substituída por mais mais liberdade real, solidariedade e igualdade. A vida humana é mais curta que o tempo dos grandes poderes e pede respostas mais rápidas, audaciosas e fraternas do que o espectador do grande jogo pode esperar.

Nem tínhamos pago a dívida das barbáries coloniais e fascistas do séc. XX e agora já temos que equacionar a desse tão mal iniciado séx. XXI. Faremos. Não há outra opção.