Sobre os textos assinados por esses generais que se agrupam em torno do governo Bolsonaro

Por Nilson Lage

Sobre os textos assinados por esses generais que se agrupam em torno do governo Bolsonaro – por Nilson Lage

Compartilhe o conteúdo:

Compartilhe o conteúdo:

Imagem: reprodução da internet

Tenho lido o que encontro de textos assinados por esses generais que se agrupam em torno do governo Bolsonaro. Concluí que o problema deles não é falta de informação, mas bloqueio ideológico e limitação cultural que os impede de articular a informação de que dispõem para uma efetiva inteligência geopolítica.

No que nos interessa aqui, a referência única de todos eles em ciência política – e nas ciências sociais em conjunto – é Alexis de Tocqueville, não por acaso o guru do liberalismo norte-americano.

Tocqueville é um iluminista tardio, descendente de nobres perseguidos na Revolução Francesa. Nascido em 1805, foi radical defensor retórico da democracia formal e da igualdade entre os cidadãos.

Foi o conceito estrito da palavra “cidadão” que permitiu a esse erudito francês um tanto fora do tempo ser bem aceito pela elite dos Estados Unidos da época: convencido da superioridade dos brancos europeus sobre quaisquer outros humanos – os não-cidadãos – aceitava coisas que fariam outros liberais da época torcer o nariz: tanto a escravidão dos africanos quanto a eliminação dos ameríndios para dar espaço aos colonos que superpovoavam a Inglaterra.

De certa forma, foi precursor do darwinismo social e um dos prógonos do branqueamento, ou do segregacionismo étnico.

O difícil, para nossos generais, se eles pensassem e conhecessem, de fato, o pensamento de quem tanto citam, é conciliar essa perspectiva com a história oficial do Exército Brasileiro.

Como lembrou o General Pujol em recente ordem-do-dia, nosso Exército nasceu na Batalha de Guararapes – origem escolhida porque, nela, em pleno período colonial, negros, índios e brancos se uniram para expulsar o invasor holandês.

É bom sempre lembrar que não sonos um país de bancos e negros, mas de mestiços, do ponto de vista físico e cultural e isso nos distingue; é do que nos deveríamos orgulhar, ampliando ao limite do universo os conceitos de liberdade e democracia.