Sobre o negacionismo

Por Carlos Zacarias

Sobre o negacionismo – por Carlos Zacarias

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Imagem: reprodução da internet

Pouco antes de tudo fechar, encontrei uma senhora bolsonarista disfarçada. Do tipo que fala mal do PT, nunca assumiu que votou em Bolsonaro, mas curioso, eu lhe perguntei sobre a vacina e ela disse que estava esperando, mas que não ia tomar a “chinesa”. Era janeiro e a campanha de vacinação nem tinha começado, mas a idosa já tinha decidido, “nada de vacina chinesa”.

Corta pra um conhecido, esse bolsonarista convicto, com quem nunca discuto, mas sempre encontro, tentando ao máximo evitar o assunto vacina, cloroquina e, é claro, o governo. Todavia, não raro, escuto sua conversa com alguém e ele insiste que há notificação de morte por Covid-19 mesmo quando as pessoa morreu por qualquer outra coisa. É claro que ele sempre tem uma evidência anedótica para confirmar sua informação (o tio de um vizinho, o irmão de um amigo, não importa). Por último ele disse que seu cunhado está numa cama depois que tomou a vacina de oxfórd (o acento é pela ênfase na sílaba forte usada pelos bolsonaristas ao se referirem a instituição britânica).

O fato é que os bolsonaristas já se vacinaram, ambos com a vacina chinesa. É claro que não pergunto nada, porque não há argumento que funcione com bolsonarista, mas, como diz Adorno, quando se trata de usufruir de benefícios próprios, a extrema direita sempre age de modo racional. Ou seja, não pensem que estamos lidando com gente que é estúpida todo o tempo.