Um comentário sobre o filme Jogo da Imitação

Por Jéssica Inanna

Um comentário sobre o filme Jogo da Imitação – por Jéssica Inanna

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Imagem: divulgação do filme

Um comentário sobre o filme Jogo da Imitação, no qual Alan Turing inventa uma “máquina universal” para decifrar o Enigma na 2a Guerra Mundial.

A personagem principal, o Turing, é um estereótipo. Note que ele se parece com Sheldon do The Big Bang Theory.

Pessoas matemáticas e físicas são frequentemente retratadas como nerds que, por sua vez, são estereotipadas como antissociais, incapazes de manter relacionamentos afetivos e, às vezes, com doenças mentais.

Muitas vezes o estereótipo de nerd é contrastado com o estereótipo de macho (veja a série) ou com o estereótipo de mulher nas capas de revista.

Alan Turing era neuroatípico, com condição dentro do espectro autista, e, além disso, era gay. Não é à toa que tinha dificuldades com socialização. Mas isso não é o mesmo que ser antissocial. Não significa odiar pessoas.

A dificuldade de socialização se dá, muitas vezes, pela nossa forma diferente de pensar. Eu já tive experiências onde outra pessoa fica contrariada ou com raiva de mim por causa do meu raciocínio lógico ao emitir um ponto de vista.

Também já sofri muito bullying por não conseguir ler nas entrelinhas e por ser distraída. Muitas vezes fui tida por ingênua por essas características. Inocente. Até estúpida (por incrível que pareça!).

Não me levem a mal, eu adoro esse filme. Acho uma homenagem justa a alguém que foi condenado à castração química para não ir preso. Mas o retrato dele não deixa de ser um estereótipo que, lógico, não condiz com a realidade. Não há nenhuma fonte de que as relações pessoais dele com outros matemáticos era como retratado no filme.

(Além disso, a máquina construída se chamava Bombe e não era universal, ela foi projetada para executar um algoritmo específico que foi elaborado principalmente por Turing.)