Joel deveria voltar a falar de economia

Por Samuel Braun; Charge de Myrria

Joel deveria voltar a falar de economia – por Samuel Braun; Charge de Myrria

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Imagem: charge de Myrria

Pobre de nós que somos obrigados a um debate protagonizado por Joel Pinheiro da Fonseca nas páginas dominicais da Folha.

Luis Felipe Miguel contrapôs um infame texto de Joel, apontando que o filho de Gianetti omite questões não só óbvias, mas já pacificadas até mesmo no tribunal supremo: a retirada ilegal do líder das pesquisas de 2018, através de uma organização política instalada no consórcio de parquet, judiciário e polícia da Lava-Jato, produzindo uma lawfare em associação com um movimento político de classe com a decisiva liderança da mídia corporativa.

Ora, os crimes cometidos na Lava-Jato não são mais especulação, ou fortes indícios, estão assentados em acórdãos, transitados em julgado pelo pleno do STF. A ilegalidade da prisão e retirada de direitos políticos do líder das pesquisas presidenciais em 2018 é manifesta, tal qual a associação da Lava-Jato com o governo Bolsonaro, simbolizada pela sua maior figura, Sérgio Moro.

E diante de tudo isso, talvez Joel devesse ficar satisfeito por ter o espaço de sua coluna na Folha para seguir tapando o sol com a peneira, fazendo ouvidos de mercador para a desconstrução que recebe da realidade e do artigo de Luis Felipe Miguel. O pior, pra nós e pra ele, foi ter decidido responder.

Sentado diante do computador com a missão de escrever de forma ordenada a pseudo-tese que embala as happy hours que mantém com os “nem isso nem aquilo” (gente que fala “ex-querda” enquanto implora aceitação liberal defendendo da sua microeconomia até seus postulados macro), Joel produziu um texto absolutamente sem lógica.

Seu script se dispunha a contrapor o que Luiz Felipe Miguel fez. Enquanto o professor construiu a relação lógica entre o lavajatismo e o liberalismo econômico com a eleição de Bolsonaro, Joel pretendeu tirar esse ônus daí e jogá-lo sobre os ombros do PT. Ousado: quem enfrentou Bolsonaro é culpado por sua vitória, e não quem o apoiou abertamente.

Mas o que ele entrega é risível. Não passa de uma renovada assunção de culpa, complementada apenas por uma desculpa assessória. Assume que o voto dado em Bolsonaro (omitido num sujeito oculto da oração) foi dele e de quem ele tenta defender, mas que eles não são responsáveis sequer pelo voto que dão, pois, em última análise, até seus votos são culpa do PT!

Simples assim. Nós fizemos, mas não temos responsabilidade pelo que fazemos. Quem tem é o PT. E pelo o que o PT faz, a responsabilidade é também do PT. E a responsabilidade pelo que faz Bolsonaro é, portanto, também do PT.

Que essa construção mental seja de um dito filósofo, faz até o Olavo enrubescer.

Joel deveria voltar a falar de economia, assunto do qual também não entende mas ao menos repete a capacidade de produção intelectual de seus mestres do Insper.