Pouco antes de tudo fechar, encontrei uma senhora bolsonarista disfarçada. Do tipo que fala mal do PT, nunca assumiu que votou em Bolsonaro, mas curioso, eu lhe perguntei sobre a vacina e ela disse que estava esperando, mas que não ia tomar a “chinesa”. Era janeiro e a campanha de vacinação nem tinha começado, mas a idosa já tinha decidido, “nada de vacina chinesa”.
Corta pra um conhecido, esse bolsonarista convicto, com quem nunca discuto, mas sempre encontro, tentando ao máximo evitar o assunto vacina, cloroquina e, é claro, o governo. Todavia, não raro, escuto sua conversa com alguém e ele insiste que há notificação de morte por Covid-19 mesmo quando as pessoa morreu por qualquer outra coisa. É claro que ele sempre tem uma evidência anedótica para confirmar sua informação (o tio de um vizinho, o irmão de um amigo, não importa). Por último ele disse que seu cunhado está numa cama depois que tomou a vacina de oxfórd (o acento é pela ênfase na sílaba forte usada pelos bolsonaristas ao se referirem a instituição britânica).
O fato é que os bolsonaristas já se vacinaram, ambos com a vacina chinesa. É claro que não pergunto nada, porque não há argumento que funcione com bolsonarista, mas, como diz Adorno, quando se trata de usufruir de benefícios próprios, a extrema direita sempre age de modo racional. Ou seja, não pensem que estamos lidando com gente que é estúpida todo o tempo.