Na turbulência de um mundo pandêmico, guerra na Ucrânia com a Rússia, situação no Brasil também não é das melhores. País ainda patina para se recuperar economicamente no pós-pandemia, assim como muitos outros países.
Para o enfrentamento da crise sanitária por 2 anos, além da grande perda com a marca de quase 690 mil óbitos, deixou também, inflação, endividamento do governo, famílias e empresas, desemprego, baixo crescimento e juros alto. Na última reunião do COPOM (Comitê de política monetária) em 26/10/2022, o Banco Central decidiu manter a taxa de juros básica SELIC em 13,75% ao ano.
Aparentemente parece cessar o ciclo de alta para conter a inflação, principalmente por causa da redução de preços dos combustíveis via queda da tributação do ICMS e barril de petróleo. O preço do litro da gasolina e álcool caíram até 30% nos últimos 3 meses. Fato que contribuiu para gerar deflação nos meses de julho (0,68%), agosto (0,36%) e setembro (0,29%). Este fôlego deu trégua para a subida de juros da SELIC. Mesmo com juros alto, outro componente da inflação ainda segue em alta, o dólar está cotado a R$ 5,15, encarecendo muitos insumos, produtos e dívidas da nossa cadeia produtiva.
Para apimentar o Brasil teve uma das eleições presidenciais mais polarizadas da história, ambiente de muitas incertezas para os investidores sobre os rumos da economia para os próximos quatro anos. De um lado um presidente que buscava a reeleição com alto índice de rejeição, principalmente pelo negacionismo frente a pandemia do coronavírus, atraso na compra de vacinas, promover dúvidas sobre a eficácia do imunizante, troca de 3 ministros da saúde, receitar remédios sem comprovação científica do combate à doença e falta de oxigênio em Manaus levando paciente a óbitos.
Com um pacote gordo de emenda parlamentar como orçamento secreto e PEC dos precatórios que prorrogam os pagamentos das indenizações devidas pelo Estado, Bolsonaro conseguiu manter o auxílio Brasil de R$ 600,00 até dezembro de 2022, cativou sua base eleitoral com a liberação do porte de arma aos CACs, fez programa de crédito importante para micro e pequenas empresas (PRONAMPE), reforma da previdência e teve mais de 58 milhões de votos no segundo turno.
Seu adversário, eleito presidente Lula, carrega consigo escândalos de corrupção do partido dos trabalhadores, mensalão e petrolão, uma condenação dizendo que recebeu um tríplex no Guarujá de uma empreiteira em propina, a qual foi anulado o processo pelo STF (Supremo Tribunal Federal), por considerar o ex-juiz da ação em primeira instância Sérgio Moro, parcial no julgamento, que tirou o ex-presidente da eleição de 2018 e Moro assumindo cargo de Ministro da Justiça pelo atual presidente Bolsonaro. Além deste histórico, Lula ainda está na memória de muitos brasileiros como o presidente da inclusão social, por causa do bolsa família, programa universidade para todos (PROUNI), FIES (financiamento estudantil), SISU (sistema de seleção unificada) e aumento real do salário mínimo.
Eleito com mais de 60 milhões de votos, tem um trabalho duro pela frente, lidar com um congresso nacional muito conservador, bloco de deputados do centrão enrijecido e turbinado pelo orçamento secreto, uma população polarizada com grupos extremistas que não aceitam o resultado legítimo das urnas incitando intervenção militar e quebra do regime democrático.
Lula sabe que para governar, terá que estender sua base além dos interesses de seu partido e se direcionar mais ao centro. Espera-se fazer políticas importantes de inclusão social como fez em outros mandatos, como aumento real do salário mínimo, inclusão e expansão da população de baixa renda ao ensino técnico e universitário, reforma tributária com correção da isenção do imposto de renda pessoa física para cinco salários mínimos, precisará de muito traquejo e habilidade para votar essas pautas em um Congresso Nacional sedento por dinheiro público e poder. Pedimos um governo justo aos interesses do povo, sem corrupção, responsabilidade, diálogo, justiça e respeito às urnas e instituições.