Neste governo do absurdo, as comemorações da Independência foram uma triste e descarada pantomínia.
Muitos já discutiram o significado da emergência, nas ruas, de um Brasil que nos envergonha e avilta. Sobre esse fato objetivo e os discursos proferidos em palanque, prefiro aqui não discutir. Resta apenas lembrar que o tom e o teor escolhidos eram previsíveis, considerando-se a lógica discursiva de Steve Bannon, guru de nosso trumpismo tropical… Aliás, a tendência é sempre a de piorar, à medida que as pressões aumentarem.
Prefiro refletir sobre o significado do conceito de Independência, destacando que ele não pode ser reduzido a um grito comemorado como efeméride, até porque este deve ser considerado uma “virada” política de muitos limites.
Sobre a própria data de 7 de setembro muito há, historicamente, a discutir, pois poderíamos objetar: porque não agosto de 1822 ou abril de 1831?
Vamos, portanto, além! Se pensarmos Independência como processo contínuo de conquista de SOBERANIA, de que independência estamos falando?
Privatizado, o país perde o respeito internacional, entrega suas riquezas e interdita grandezas de futuro.
Em pleno século XXI, parecemos condenados a assistir à comemoração de nossa “recolonização”, aos aplausos da desindustrialuzação e à vitória de uma “plantation” revisitada.
No 7 de setembro do próximo ano, será comemorado o bicentenário da Independência, mas resta perguntar: o que comemoraremos? Uma nova esperança de soberania, ou a continuidade do sangramento de nossas riquezas, de nossa ciência e de nossas potencialidades. AS “veias abertas do Brasil continuarão a derramar pus?
Lená M. Menezes
Em 8 de setembro de 1822