O ar no Brasil está irrespirável!
A imprensa, escrita, falada e digitalizada, fervilha em denuncias, denuncias e mais denúncias contra o governo de Jair Bolsonaro.
Não por menos…
Bolsonaro, sempre boçal e arrogante, ultrapassou todos os limites de uma governança minimamente possível.
No que respeita a pandemia de coronavírus e que, sobretudo, no Brasil, não dá trégua; bem ao contrário, imperiosa, segue potente e avançando sobre toda a população, Bolsonaro e seu ministro da saúde, o general Eduardo Pazzuello conduzem, de forma cínica e aberta, uma das maiores e mais devastadoras tragédias a envolver saúde pública em toda a história do país.
O dramático e, ainda em curso, colapso em Manaus (AM), expressa o tamanho do martírio pela qual vem passando milhares de pessoas nessa cidade; é um combo de desorganização, indiferença e desamparo tal que, por sua vez e efetivas condições, amplia, e muito, as tremendas possibilidades da pandemia.
Por necessário rigor analítico, a matança de Manaus, onde não havia oxigênio (acreditem!), para máquinas de oxigênio e que sopravam nos pulmões de dezenas e dezenas de seres humanos adormecidos é apenas um escancarado barbarismo em meio ao imenso rosário de lástimas e conduzido por esse governo.
Tal qual a imprensa vem noticiando reiteradamente, desde o começo da semana, a covid-19 vem batendo e ultrapassando seguidos recordes de internações e enterros na cidade de Manaus.
O contingente de adoecidos atingiu uma quantidade tal que as unidades de atendimento da cidade não dispunham de mais nenhuma vaga para quem quer que seja.
Nessa marcha de tratamento e consumo, insumos básicos, essenciais e absolutamente importantes como o oxigênio começaram a faltar.
Pronto…
A ampulheta da morte fora acionada e agora era só contar, contabilizar e etiquetar cadáveres.
O que se deu no Hospital Universitário Getúlio Vargas, administrado pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM,) é inesquecível!
Uma ala inteira (INTEIRA!) de hospitalizados é perdida! Médicos e enfermeiras assistiram atônitos e impotentes, as vidas dos seus pacientes se esvairem.
O reitor da UFAM, o professor Sylvio Puga, visivelmente emocionado, confirmou as mortes.
O mesmo se deu no Serviço de Pronto Atendimento (SPA) José de Jesus Lins de Albuquerque onde mortos eram acomodados no chão das enfermarias.
Dezenas de repórteres seguiram, como tinha de ser, para essas unidades a fim de mais informações mas os profissionais da saúde foram, é claro, proibidos de prestar maiores esclarecimentos.
Foram limitados a dizer e só dizer que se tratava de “quadro de emergência”.
É impressionante!
O arremate do pesquisador da Fiocruz-Amazônia, Jesem Orellana é de precisão cirúrgica: “Acabou o oxigênio e os hospitais viraram câmaras de asfixia”.
Com cemitérios lotados e bloqueados pela quantidade de mortos, o governo do Amazonas instalou câmaras frigoríficas para a acomodação de parte dos insepultos.
E atabalhoados como bêbados na madrugada, autoridades de saúde do Amazonas, fizeram o que dava para fazer…
Na impossibilidade humana e técnica de repor milhares de cilindros de oxigênio no exíguo intervalo de vinte e quatro horas, gestores estaduais imploraram para governadores do norte/nordeste por vagas para seus adoecidos e moribundos.
Um inferno dantesco tomou conta do cotidiano de centenas e centenas de profissionais de saúde.
Ao fim… Não havia mais rotina, fluxo e burocracia a conduzir processos de trabalho… Só desespero, dor e loucura!
Tardiamente, o governo do Amazonas impôs que, entre 19h e 6h da manhã, as pessoas estavam proibidas de saírem de suas casas.
A notícia da tragédia chegou aos portões e jardins do Palácio Miraflores, em Caracas, capital da Venezuela, onde o presidente Maduro, de pronto, ofereceu o oxigênio necessário para a região brasileira.
Nesse mesmissimo instante, Bolsonaro, absolutamente perdido no trato dessa imensa questão, batia choroso e acuado, às portas da embaixada dos Estados Unidos, rogando apoio para a superação dessa crise; a diplomacia americana segue analisando a demanda.
A questão central é: isso poderia ser evitado? A resposta é CLARO QUE SIM!
Pois estamos a dez meses “batendo cabeça” com essa doença; fechamos universidades, bibliotecas, empresas e fluxos; reduzimos dinâmicas, encontros e obstruimos e limitamos espaços públicos e de convivência.
Nessa guerra, o mundo pesquisava mais dessa doença, analisava sua estrutura, funcionamento, formas de existência e acomodação no variado corpo humano.
A vacina… A vacina era questão de tempo!
A Rússia lançou seu medicamento; depois China; Inglaterra e outros países e empresas.
Por aqui… Além do deboche, do acinte e do desrespeito apeteceu uma imensa cisão no próprio pacto federativo onde o governo federal esgarçava propositadamente, a muito difícil e arriscada integração brasileira.
Um dos símbolos desse descaso absurdo aconteceu nessa semana quando o ministro da saúde, ao fim, admitiu: “Confesso… Não temos seringa!”.
Seringa… Sabem o que é uma seringa? É aquele dispositivo por onde injetamos a vacina ou imunizante no corpo de alguém doente ou sob tratamento.
Pois é… Não temos!
Sem mais…
O impechment de Bolsonaro deve ser acionado imediatamente; este indivíduo deve ser removido do governo da nação por crimes contra a humanidade.
Não há mais o que se esperar!
Em caso de vacilo da esquerda e da oposição, onde, de novo e, de certo, irá afirmar que “não temos condições objetivas” para isso; é preciso ter claro que, caso não consigamos “impichar” Bolsonaro, o mesmo sairá fortalecido, muito fortalecido para 2022.
Ele estará vitaminado de tal forma que terá todas as condições para perpetrar e conduzir um golpe de Estado já no primeiro semestre do decisivo e eleitoral ano vindouro.
Mas… Tem de ser agora! AGORA!
FORA Bolsonaro!
Ângelo Cavalcante – Economista, professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Itumbiara.