A palavra de ordem “Fora Bolsonaro” ganhou as ruas, há muito tempo, e hoje, mais uma vez recebe grande destaque e relevo internacional.
Desde 2019, este grito de desabafo já ecoava nas ruas, aqui no Brasil.
Várias organizações e lideranças de esquerda, contudo, hesitaram em assumir esta pauta.
Os motivos apresentados podem ser sintetizados em três ordens de premissas, a meu modo de ver:
a) A preocupação com a banalização do impeachment e a consequente fragilização da institucionalidade democrática;
b) A consideração dos índices de popularidade ou aprovação do governo;
c) A defesa da tática eleitoral de deixar o governo sangrar até o final do mandato;
A primeira premissa me parece estar ligada a um saudosismo do resgate do pacto constitucional de 88, em que a história ensejou – por um breve lapso de tempo – uma aliança entre liberais e centro-esquerda, que se encerrou com o Golpe de 2016, como derivativo indireto da crise internacional de 2008.
É a síndrome de Carolina: “o tempo passou na janela e só Carolina não viu”.
A segunda, aquela que olha primeiro a última pesquisa do DataFolha antes de emitir opinião, é a premissa da “esquerda” recuada. Supostamente em contraposição ao esquerdismo e vanguardismo, este campo não acredita que um partido ou movimento deve “dar direção” e sim “se conectar” com o “sentimento da população”.
É o espírito do conformismo passivo.
E por último, a turma do cálculo eleitoral, que é o suprassumo do pragmatismo político, dos acordos na Mesa, dos algozes de ontem que viram os aliados de ocasião.