O Professor Pedro Castillo, depois de ter resistido bravamente nas cordas no longo 2º turno peruano, caminha para vencer a eleição peruana. Keiko Fujimori, representante do clã que encabeçou uma ditadura no Peru dos anos 90, jogou baixo com apoio da mídia.
Castillo está com 50,280% com 94,8% das urnas apuradas. Levando em consideração onde ainda falta apurar, a larga vantagem que Keiko Fujimori tem nos votos do exterior — pelo jeito, não produzirão uma (re)virada. Agora, ela passa a atacar a contagem.
As simetrias falsas entre os candidatos, repetidas aos montes entre a mídia global e intelectuais liberais, dizem mais sobre esses setores do que sobre a verdade peruana. Castillo é um professor não-branco, interiorano, é impossível compara-lo de boa fé à família Fujimori.
Comparar Castillo com Fujimori é uma ficção dos mesmos criadores de “Uma Escolha Difícil” no Brasil. Mas há quem no Brasil não aceite comparar Haddad com Bolsonaro, mas já tome como verdade que Castillo é uma “Keiko de esquerda”.
Castillo, nos seus erros e acertos, parece uma voz autêntica do Peru da Floresta Amazônica e dos Andes, da gente sofrida do campo e das aldeias — conectado às lutas latino-americanas.
Keiko Fujimori é a própria indiferença de uma burguesia anormal e sem humanidade. Essa é a pior de suas três eleições, mas ela chegou com força na reta final com um forte discurso anticomunista – que ecoa nas massas, sobretudo quando acompanhado de histeria midiática.
O processo peruano mostra que mesmo quando as escolhas são óbvias, as oligarquias locais podem transformar batalhas fáceis em guerras morro acima. E que grande parte dos liberais democratas “civilizados” tomam o lado de lá nessas circunstâncias. As veias, sempre abertas.