Nas manifestações organizadas pelos movimentos liberais MBL, Vem Pra Rua e Livres, e partidos de direita como PSDB, DEM e outros que ocorreram neste domingo (12), em meios as diversas bandeiras partidárias, de movimentos liberais e sindicatos, se notou a presença da bandeira de Gadsden carregada por militantes do Pardo Novo de João Amoêdo. Originária dos Estados Unidos a bandeira de Gadsden sempre está presente nas manifestações de ódio dos grupos de supremacistas brancos como neonazista, Ku Klux Klan, Proud Boys, QAnon e outros, como ocorreu nos protestos Charleston na Carolina do Sul e na invasão do Capitólio dos Estados Unidos. No Brasil a bandeira de Gadsden é símbolo dos anarcocapitalistas e pseudo libertários que costumam afirmar que a mesma é símbolo da liberdade individual.
A Bandeira de Gadsden foi criada no século 1775, durante a guerra de Independência dos Estados Unidos pelo general e dono de escravos Christopher Gadsden da Carolina do Sul, que na época era uma das maiores colônias escravocratas do Estado. O general Gadsden nunca escondeu seu DESPREZO pelos negros, pois ele era um árduo defensor da escravidão. Em carta escrita a John Adams, Gadsden fez a seguinte comentário sobre a proposta de John Laurens, que havia sido aprovada pelo Congresso Continental de recrutar escravos para lutar contra os britânicos: “Estamos muito desgostoso aqui no Congresso recomendando-nos para armar nossos escravos … foi recebido com grande ressentimento, como um passo muito perigoso e imprudente”. Laurens que em 1779 havia conseguido, a aprovação do Congresso para que os escravos que lutassem contra os britânicos fossem pagos $ 50 e alforriados após fim da guerra de independência. Diferente de Christopher Gadsden, John Laurens era contra a escravidão negra.
Como se observa ao contrário das afirmações de anarcocapitalistas e os pseudo libertários no Brasil, a Bandeira de Gadsden nunca teve como objetivo a liberdade individual (somente a dos brancos donos de escravos), já que o seu criador Christopher Gadsden era racista e contrário a libertação dos escravos.
No século XIX, a Bandeira de Gadsden será usada pelas tropas confederadas da Carolina do Sul na Guerra Civil estadunidense, contrárias ao fim da escravidão negra. A Carolina do Sul como termino da Guerra da Secessão, será um dos Estados a adotar leis de segregação racial conhecidas como Jim Crow que serão somente derrubadas na década de 1960 por pressão e luta do movimento pelos direitos civis, na década de 1960. Até hoje, a Carolina do Sul, é um dos Estados do Sul com maior concentração de supremacistas brancos e neonazistas, sendo que no século XX a bandeira de Gadsden fará parte dos atos de ódio contra NEGROS como os linchamentos, os enforcamentos e os atentados contra estabelecimentos frequentados por pessoas negras.
No Brasil os principais propagandistas desse símbolo RACISTA, a Bandeira de Gadsden, são grupos de extrema direita e anarcocapitalistas, estes tentam ressignificar o símbolo racista como um símbolo da liberdade individual, mas nos sites e páginas desses grupos existem uma série de publicações atacando o movimento negro e a política de cotas. Como também publicações de ódio contra os povos indígenas, feministas, comunistas e socialistas. Não muito diferente do ódio que os grupos supremacistas brancos nos Estados Unidos tem por estes movimentos.
Para um ato de protesto pela democracia e contra um presidente fascista, organizado por grupos liberais e partidos de direita, alguns poderiam achar estranho a presença de uma bandeira racista, mas esse estranhamento é desconstruído quando lembramos que esses mesmos grupos e partidos que ajudaram a eleger um presidente autoritário e racista. Eles somente fingem ser oposição, já que no congresso sempre votam a favor do governo fascista
Autor Luiz Carlos
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Fontes bibliográficas:
• As origens ideológicas da Revolução Americana, de Bernard Bailyn.
• . Revolucionários: Uma Nova História da Invenção da América , de Rakove, Jack
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• História dos Estados Unidos: Das origens ao século XXI, de Karnal, Leandro, Purdy, Sean, Fernandes, Luiz Estevam, Morais, Marcus Vinícius de Morais
• Uma Nova República – História dos Estados Unidos no Século XX, de John Lukacs.
• A Guerra da Secessão: 1861-1865, de Farid Ameur
• O Sul Mais Distante, de Gerald Horner.
• https://www.hypeness.com.br/…/imagens-de-quando-a-segregaca…