Realmente, a pandemia é turning point no pensamento de todos.
Já presenciei aqui nesta rede altos debates sobre padrão de consumo individual como uma reflexão que a esquerda precisa fazer, pois não adianta só falar das grandes indústrias se você não pensa no seu consumo de carne, plástico, água, etc…
Aí chega a pandemia e começa uma condescendência absurda com quem consome lazer, sai pra bar, balada, praia, porque, afinal, não adianta criticar consumo individual, pois o governo é uma merda.
Em ambos os casos, obviamente, o debate é restrito a um setor da sociedade que tem maior autonomia sobre o consumo e faz mais escolhas. Então, claro, não estamos falando nem de quem não pode incrementar a alimentação, nem de quem precisa pegar ônibus durante a pandemia.
Afastados estes, portanto, sobram pessoas mais privilegiadas que, em tempos de “normalidade”, eram chamadas a assumir responsabilidade por consumo individual, mas na pandemia estão liberadas da responsabilidade justamente quando mais se precisa dela…
Vai entender.
– Aline Passos foi professora na Faculdade Estácio de Sergipe (FASE) no curso de graduação em Direito. Coordenou, entre 2015 e 2016, a pós-graduação lato sensu em Direito Penal e Processo Penal na mesma instituição. Foi professora convidada na pós-graduação lato sensu em Direito e Processo Penal da Universidade Tiradentes entre 2013 e 2015. Possui graduação em direito pela Universidade Federal de Sergipe (2003) e mestrado em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2011), onde defendeu a dissertação “A disciplina carcerária na sociedade de controle: uma análise genealógica do Regime Disciplinar Diferenciado”. Entre 2012 e 2014 exerceu atividade docente no Departamento de Direito da Universidade Federal de Sergipe. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Sergipe.
Informações coletadas do Lattes em 25/06/2020