“O presidente da República está debandando das promessas eleitorais. O contribuinte que se defenda”. É assim que termina o editorial de Folha de São Paulo, como já era mais do que óbvia a previsão de que começaria, junto e em uníssono com todos os outros veículos da grande imprensa, a defender Paulo Guedes. Inclusive, Folha diz, em outro parágrafo, que “não seria justo deixar de reconhecer que sua agenda de intenções coincide, em boa medida, com o que o Brasil precisa para voltar a crescer a taxas mais elevadas e sustentáveis”.
Fico pensando que agenda seria essa. Aquela que prevê a taxação de livros? A que defende um reforma tributária que diminui impostos aos mais ricos e aumenta ainda mais a concentração tributária no consumo, ou seja, que onera ainda mais pobres e classe média e aumenta ainda mais o fosso da desigualdade?
A agenda de um cara que se recusa a dar auxílio emergencial durante a pandemia e trava ajuda a pequenos e médios empresários em favor da ajuda aos de grande fortuna que empregam menos pessoas? A lista é longa. Vou parar por aqui.
“O contribuinte que se defenda”. O contribuinte, na verdade, que comemore o fracasso de Guedes, assim como o fracasso de Jair Bolsonaro que em nada se distingue de seu ministro da economia e não deveria ser visto como algo à parte, mas constituinte de um projeto autoritário e fascistóide de poder.
Mas é isso que Folha e os grandes veículos defendem sempre: seus interesses e dos seus. E se pra isso for preciso manter um genocida na presidência, que se mantenha.
Começou o festival de defesa de Guedes contra Bolsonaro, como se o primeiro fosse vítima e não cúmplice.
– Camilo de Oliveira Aggio é professor do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da UFMG. Pesquisador associado ao Instituto Nacional de Ciência & Tecnologia em Democracia Digital (INCT.DD). Pesquisador do Margem (Grupo de Pesquisa em Justiça e Democracia). Membro da Comissão Editorial dos periódicos Revista Compolítica. Realizou está pós-doutoral no POSCOM-UFBA. Doutor em Comunicação Política do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da Universidade Federal da Bahia. Realizou estágio-doutoral (PDSE/CAPES) na State University of New York (SUNY) na cidade de Albany (NY, EUA) sob co-orientação da professora doutora Jennifer Stromer-Galley através do Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES. Membro do grupo Comunicação, Internet e Democracia (CID) e pesquisador associado ao Centro de Estudos Avançados em Democracia Digital e Governo Eletrônico (CEADD);
(Texto informado pelo professor, reproduzido da plataforma Lattes)
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