Em 2018 – dada a urgência da situação – Bolsonaro disparou a bomba cognitiva da fraude eleitoral. Anulou assim a construção “eleição sem Lula é fraude”. Haddad procurou Joaquim Barbosa, que foi o agente de precipitação das aberrações jurídicas (e midiáticas) que operaram o protoplasma da Lava-Jato, e posteriormente ainda fizeram aquele declarar que confiava na Justiça Eleitoral – a mesma que estava descaradamente favorecendo Bolsonaro. Esta fase da operação de guerra neocortical terminou faz 30 dias.
A outra coluna desta operação em pinça foi concluída ontem. A captura da ideia de “prisão política”. Até onde sei, prisioneiro político para valer só teve um, por 580 dias. Mas bastaram: (a) 2 cabeças de ponte, Jefferson e Silveira; (b) “ataques” a 2 ministros (paladinos do lavajatismo, diga-se); (C) Lula declarar que “a justiça foi feita” e apagar assim justamente o que foi feito, para que esse simulacro de oposição (Bolsonaro X Judiciário) se consolidasse, empurrando todo mundo para a ideia de que a tábua de salvação está no Judiciário (de novo… Não faltaram vociferadores se colocando como a nova voz da defesa da democracia, tipo Villa e Reinaldo Azevedo, como bem notou ontem o Luiz Henrique Toledo). Tudo aqui é processo de inversão das percepções e apagamento de digitais.
A próxima operação poderá ser a tentativa de consolidar o sequestro de pauta sobre “golpe” e “ditadura”. Vamos ver quantos dias vai demorar para Bolsonaro denunciar que estão tramando um golpe no Brasil. Por enquanto a conversa dele sobre ditadura não está colando muito, mas me parece que alguma hora a “oposição” será levada a esboçar um “discurso sobre a força” para se livrar do estorvo. Isso é o que os militares estão esperando, a abertura da chave desse cofre com o código para lançamento do seu ICBM – míssil cognitivo subcontinental. Com isso os militares vão conseguir produzir reféns em amplo espectro.
Tudo isso não é construído para ser um discurso para a maioria. É para ser minoritário e concentrado de forma suficiente para que consiga operar as percepções, e, com ela, as decisões e ações da “oposição”. Evidentemente o contra-argumento é o de que o discurso sobre a fraude é ele mesmo uma fraude; de que as prisões não são políticas, mas justamente visam a assegurar a política; e que os arroubos totalitários têm lado. É óbvio que sabemos disso, porém…
…não é disso que se trata. Todo o problema é justamente anular essas 3 peças – fraude, lawfare e golpe/ditadura – do arsenal da oposição. 2018 vai desmanchar na história. Se continuar esse ritmo, os pecados da Lava-Jato + Consórcio Militar vão ser esquecidos até fevereiro (prazo para decisões eleitorais), abrindo caminho para um “certo alguém”, e não vai mais haver história para Lula contar.
*Vejam aqui o tweet do Romulus Maya (esta postagem aqui é complementar) e os prints que puxei dele: https://mobile.twitter.com/romulusma…/…/1435118940351569921…