Hoje o Fantástico fez uma reportagem de 10 minutos sobre a catástrofe econômica em que estamos. Coisa triste, chocante, revoltante. Desemprego, fome, miséria, inflação.
A solução, segundo a reportagem, seria um Estado menor (menos impostos, segundo dizem) e o governo cortar gastos.
Vamos então imaginar uma sociedade tipo ideal da Globo.
Vou exemplificar com uma economia fechada e simplificada, para facilitar:
– 10 pessoas, sendo sete trabalhadores e 3 empresários.
– As 3 empresas produzem todos os produtos necessários.
– Os 7 trabalhadores estão empregados nestas três empresas.
– Há um total de 100 moedas, emitidas pelo Estado, inicialmente, e ele não irá gastar mais (emitir moeda) nem tributar (tirar moeda da economia).
MÊS 1:
As empresas pagam a cada trabalhador 7 moedas. Sobram 51, ou seja, 17 pra cada empresário.
Os trabalhadores gastam todas as suas 7 moedas comprando os artigos necessários à sobrevivência. Os empresários gastam o mesmo, afinal, são seres humanos com as mesmas necessidades. O resto, guardam em poupanças.
Ao fim do mês, os pobres mantiveram as 49 moedas que lhes coube na economia, e os ricos mantiveram apenas 21 das 51. 30 foram pra debaixo do colchão.
MÊS 2:
Havendo só 70 moedas disponíveis, um dos empresários demite 1 trabalhador, ou seja, sobram 6 empregados.
O desempregado irá procurar emprego nas outras duas empresas, o que levará os donos delas chantagear seus funcionários a uma redução de salário para 6 moedas.
36 moedas vão pros trabalhadores, 34 ficam com os empresários. O desempregado passa fome.
Trabalhadores tem que cortar gastos abaixo do mínimo. Os empresários mantém o gasto de 7 moedas e poupam 13.
MÊS 3:
Restam agora na economia 57 moedas.
Mais um demitido. 30 moedas distribuídas como salários e 27 como lucro. 30 gastas com menos que o básico, 21 gastas pelos ricos e 6 poupadas.
Você já entendeu a tendência, né?
Nessa altura há 49 das 100 moedas guardadas como poupança, 3 demitidos e 4 empregados ganhando cada vez menos. O primeiro demitido já deve ter morrido de fome. Já não há mais demanda pela produção, logo haverá aceleração do desemprego.
Esse é um cenário típico onde o governo não taxa e não gasta. Essa é a “solução” que a Globo defende pra economia. O receituário liberal.
Ela “criticou” o resultado da política econômica liberal propondo mais dessa mesma política liberal. É assim que agem os “progressistas” liberais.