Eu ganho dinheiro como professor de Música. Hoje à tarde, eu tava ensinando a música Gute Nacht do Brahms – aquela que todo mundo já ouviu e conhece como canção de ninar que toca em caixinhas de música de berços – pra minha aluninha Luísa. Por que eu tô falando isso?
Depois do vídeo de ontem da Casa do Saber muita gente me mandou mensagem elogiando o trabalho, mas alguns não gostaram e até me colocaram no lugar de opositor da música de concerto.
Eu, o Thiago, talvez não tenha dito nada de inovador, original. O que eu trouxe foi a velha questão da ausência de público da música de concerto.
Todos os autores que citei pertencem ao mundo das universidades de música e conhecem muito bem a história da música clássica. Mas eles têm uma visão menos deturpada e menos passional da realidade, sabem os problemas que acompanham a música de concerto e o proselitismo das universidades de música, algo que compromete qualquer pesquisa.
São esses autores: Willy Corrêa de Oliveira, Norman Lebrecht, Susan MacClary, Philip Tagg.
Não gostam do que disse, não tem problema, vão atrás do que estes musicólogos escreveram.
O fato de eu me apresentar como alguém do Funk já me torna, aos olhares pré-conceituosos, um desconhecedor. Não sei nada de música, não conheço o ambiente, não sei tocar nada. Mais um reflexo do pré-conceito musical…
Não me importo muito, não preciso e nem quero esse capital simbólico da música clássica, abri mão disso faz tempo. Por isso, meti uma peita de favela, dei um tapa no bigode, botei um terço colorido e falei pra casa do saber. E acho que isso incomodou…
Meti o pau no fetiche da branquitude (Bach, Beethoven, Brahms e muitos outros) e sigo em paz ouvindo Funk e tocando de tudo.
Enquanto as redes sociais passionalizam o debate, não há debate.
Que tal reconhecer iminência de morte de alguém que tá morrendo para impedir que esse alguém morra de vez? Vamos mudar as estruturas?
Obrigado, família. Desculpem o textão… rs