Bolsonaro está obviamente em desespero. E com sintomas físicos. A semana que vem será chave para sua sobrevivência política.E talvez só lhe reste a saída do golpe, o que é sempre arriscado em um momento de queda da popularidade. Listemos as três principais bombas:
1. O depoimento da viúva de Adriano da Nóbrega, o executor das milícias eliminado em uma ação suspeitíssima ano passado. Isso tem potencial de esclarecer detalhes da morte de Marielle e da ligação do clã Bolsonaro com a milícia;
2. A divulgação do áudio da reunião presencial entre os irmãos Miranda e Bolsonaro. Se isso não tem o potencial de destruir Bolsonaro diretamente — e pode ter –, ao menos atinge aliados poderosos dele no Congresso além de Ricardo Barros;
3. A repercussão do dossiê de Roberto Dias na CPI, o que pode mapear a verdadeira guerra civil entre militares e indicados do Centrão por negociatas na saúde.
Parte disso pode ser coisa plantada para dissuadir? Sem dúvida. Mas também não quer dizer que vá dar certo. Vide Dominguetti. Foi lá para enganar e acabou revelando coisas relevantes.
Se isso tudo vem à tona, se um Lira for atingido no caminho por exemplo, Bolsonaro terá de dar o golpe em um cenário de desmoralização. Nunca vi isso dar certo. Mas isso também não quer dizer que gente inocente não vá morrer ou ser presa nos próximos meses.
Bolsonaro não é um ser convencional, no entanto. Ele pode até fugir se perder. O Alto Comando pode até sacrificar ele. Mas o natural será um resposta agressiva e estranha aos padrões da política brasileira às bombas da semana que vem. Não podemos baixar a cabeça.