Nunca fui um neurótico pelo isolamento. Vejo as discussões travadas nas redes sociais, concordo com uma coisa ou outra, mas me mantenho distante de quem aponta o dedo para quem sai de casa ou quem, não sendo negacionista, defende que precisamos tocar a vida. Permaneço em isolamento tanto quanto possível junto com a minha família, mas quando precisa, quando entendo que devo e me sinto seguro, saio pra rua, com todo cuidado necessário.
Defendo as políticas de distanciamento social decretada pelos governos e prefeituras de diversos cantos do país. Acho mesmo que em alguns casos seria necessário o lockdown, algo que não foi implantado a não ser em um ou outro município. Sei que estamos longe da imunização, que há muitos riscos de aglomerar, mas aqui eu vou defender que a a gente saia de casa no dia 29.
No próximo sábado haverá manifestações pelo país pelo Fora Bolsonaro. Com exceção dos atos antifascistas no primeiro semestre de 2020, será a primeira vez que os movimentos sociais, sindicatos, partidos, gente de esquerda e pessoas indignadas com este governo vão sair às ruas desde o início da pandemia. Entendo as razões de quem não se sente seguro, mas discordo frontalmente de quem diz que não é a hora de aglomerar. Alguns (poucos, é verdade), chegam a confundir o nosso ato do próximo sábado com os atos dos fascistas e demais negacionistas. Não façam isso: não vamos sair às ruas para negar a pandemia, defender o genocídio e criticar a vacina. Vamos às ruas porque precisamos começar a dar um basta ao genocídio, porque não suportamos mais este governo, porque estamos de luto, mas também em luta pela vida das brasileira e dos brasileiros. Eu entendo quem não vai vir ombrear conosco nos próximo sábado, mas desejo firmemente que essas pessoas se somem à nossa luta da forma como puderem, porque quem vai para as ruas vai fazer isso com cuidado, vai seguir as recomendações sanitárias, tanto quanto possível, mas vai fazer isso com coragem e esperança de que as manifestações do próximo sábado possam inaugurar um novo momento na história do Brasil, o momento em que vamos começar a derrotar o fascismo no único lugar onde ele pode ser derrotado: nas ruas!
É claro que vão faltar os abraços e a alegria esfuziante das nossas manifestações, mas guardaremos essa alegria para o futuro próximo, quando não precisaremos mais chorar pelos nossos mortos e, enfim, estejamos livres de toda a barbárie que nos assola. Esse momento há de chegar e vamos começar a preparar o caminho neste sábado.