Manchete principal do portal de notícias do UOL informa que Carlos Bolsonaro cria crise com os militares ao tentar, junto com o ministério da Justiça comandado pelo delegado da PF Anderson Torres, expandir sua “Abin paralela”. Na reportagem, que traz uma denúncia grave, lemos que o vereador do Rio, que dá “expediente” em Brasília diariamente atuando como filho do presidente, opera para a contratação de uma empresa israelense para fornecer um dispositivo que serve para espionar aparelhos celulares de opositores. O Pegasus, como é chamado, já teria sido usado no México em 2017 contra jornalistas e críticos do governo.
A notícia me sugere duas coisas: uma, o enorme absurdo de vermos diariamente sob os nossos narizes, a família do presidente, junto com o conjunto do governo, cometendo todo tipo de crime e permanecendo impune (ou com reações muito tímidas das instituições muito aquém da necessidade); outra, que a forma como o protofascismo avança sobre o Estado é bastante semelhante ao modo como o fascismo histórico atuou por dentro da máquina governamental herdada de períodos anteriores. A dúvida, neste caso, é se, no caso brasileiro, o modelo é mais próximo do exemplo italiano, onde os fascistas tiveram que se submeter às estruturas e a burocracia estatal, ou se é mais parecido com o caso alemão, onde as organizações do partido nazista controlaram toda a máquina burocrática em função de seus interesses. Antes de confirmar a qual modelo a que o Brasil se assemelha, eu desejo que as instituições funcionem e os responsáveis pelos crimes que vem sendo cometidos sejam impedidos, processados, julgados e punidos na forma da lei. Apenas a aplicação das leis existentes já seria suficiente, ao menos por enquanto, para nos dar algum alento diante de tanto absurdo.