Militares e Bolsonaro vivem uma relação de ambiguidade. O Exército acreditou que o Bolsonaro seria homem seu, mas ele é antes chefe de clã. Acha que basta comprar o Exército para fazer dele a sua milícia, mas esse preço é muito caro para o Alto-comando.
O momento é perigoso para a democracia. O que vemos em outros países que se tornaram autoritários é uma tentativa de erosão permanente do estado democrático, e o “jogo de politização e partidarização das Forças Armadas” é um instrumento para isso.
A cooptação das forças repressivas servem não só para dar um golpe, mas para intimidar o poder civil, e promover as violências contra jornalista, funcionário público, político da oposição… e até mesmo contra um comandante do Exército.
Bolsonaro transformou a violência simbólica num sistema de Governo. Mas a vê ainda como arma para ganhar a eleição dentro da democracia representativa. Caso perca, recorrerá à arruaça para melar o resultado. E para isso, ele precisa neutralizar o Exército.
A tese de que os interesses do exército e de Bolsonaro são idênticos é tosca. O alto comando quer influência e prestígio, mas não quer perder seu poder decisório para virar milícia privada de uma família de arruaceiros.
É preciso explorar essas fissuras para garantir 2022.