O áudio vazou e nele o chefe da Casa Civil, ministro Luís Eduardo Ramos, afirma que tomou, “escondido”, a vacina porque quer viver, acrescentando que se trata do que a ciência e a medicina recomendam. Certamente, não se dá conta, no momento da fala, do horror embutido na frase.
Emitida por qualquer cidadão comum, a afirmação soaria trivial. Enunciada, porém, por um dos personagens centrais de um governo que, deliberadamente, sabota as orientações da ciência e nega a vacina para a população brasileira, a frase assume a dimensão da confissão de um crime torpe.
Os do governo- sorrateiramente – se protegem, enquanto empurram a população para a doença e a morte, almejando talvez uma imunidade de rebanho através do contágio indiscriminado.
Trata-se, não há outra palavra, de um crime continuado de enormes proporções contra uma população inteira. As vítimas se aproximam da casa dos 400 mil brasileiros, nessa noite de terça-feira, 27 de abril.
A noite em que soubemos que o ministro Ramos, do governo Bolsonaro, se vacinou porque queria viver, não lhe ocorrendo, por uma falta espantosa de empatia ou por motivo ainda mais abominável, que o desejo dos demais brasileiros, os que sobrevivem e os que já foram mortos, é e era exatamente igual ao seu.