Não há uma escolha a fazer entre a chamada direita “racional” e o bolsonarismo.
A direita- toda ela- sempre esteve no governo se não com cargos, com seu programa.
Guedes é um aluno dos Chicago Boys, defensor do ultraliberalismo e afiançador do Mercado.
O governo Bolsonaro sempre teve duas cabeças que agem combinadas para alvos diferentes: a verve fundamentalista mantém a audiência do circo e a navalha econômica corta o pão.
Mas, uma depende da outra.
Bolsonaro não estaria no governo sem o programa econômico recessivo e o programa recessivo não estaria sendo aprovado sem o apelo à resignação, à virtude de sacrifício e ao anticientificismo.
O que o Mercado faz com suas epístolas é o de sempre: mandar recados e apertar a coleira. Lembrar quem é que manda.
E Bolsonaro responde chamando sua claque hidrofoba para as ruas para ostentar sua popularidade.
A tensão permanente e o jogo de cena fazem parte da aliança que mantém o condomínio do neoconservadorismo.
O Capital de hoje não é o mesmo da Revolução Industrial tampouco, o do fordismo.
O Capital de hoje se alimenta da crise e da putrefação para sobreviver.
Imaginar que podemos aduzir à clássica antinomia entre liberais e conservadores é alimentar um sonho idealista, retórico e saudosista.
E por isto mesmo, irrealizável, do ponto de vista histórico.
P.s: É claro que Bolsonaro nunca foi o candidato dos sonhos do “mercado”. Mas, até aqui, ele tem sido funcional.