A história de que a “China pediu a cabeça” de Ernesto Araújo como ministro das relações exteriores do Brasil é uma óbvia fake news. Isso foi espalhado com fins de manter o próprio ministro, hoje fustigado por Temer e, ainda, esconder suas falhas na negociação das vacinas.
O Brasil não tem vacinas porque o governo, antes de mais nada, é antivacina. Não se preocupou em construir parceiras nem com Estados nem com a iniciativa privada. Os casos da Índia, da China e da Pfizer são as piores e mais graves trapalhadas cometidas por um chanceler na atual pandemia.
Araújo teme, sobretudo, a reaparição de Michel Temer e comentadas movimentações sobre o ex-presidente lhe substituir no Itamaraty — baseado numa suposta “amizade” que Temer teria com Joe Biden ou, ainda, uma suposta “interlocução” que teria com os chineses.
Até as pedrinhas da rua reconhecem as digitais de Temer, Sarney e da cúpula do MDB num movimento para colonizar o governo zumbi de Bolsonaro. O MDB não quer, a princípio, derruba-lo, mas colonizar sua estrutura zumbi, a começar com a manobra que tirou Maia e o obrigou a “apoiar” Baleia Rossi. O mesmo vale para o Senado.
A centro-direita quer enfraquecer Bolsonaro para lhe derrotar em 2022, deixando-o como um espantalho para que eleitores mais progressistas votem num Doria ou num Huck no segundo turno — a exemplo das últimas eleições cariocas, nas quais o impeachment não realizado de Crivella serviu à eleição de Paes.
O MDB, sem pretensões de eleger um presidente, apoiará por certo esse postulante de centro-direita em 2022, mas enquanto isso, ele se move para controlar o Congresso e forçar uma reforma ministerial da qual se beneficie.
A China caminha fortemente para ser a maior potência mundial, enquanto o Brasil consegue se indispor ainda mais com sua principal parceira comercial. E continuamos mais distantes da vacina por nossa própria torpeza, culpando os urubus pela seca.