A classe média compra fácil o discurso da privatização, cai fácil do discurso do “público não funciona”, se ilude.
O caso da CRT (Companhia Rio-grandense de Telecomunicações) no Rio Grande do Sul é um caso icônico. Os iludidos defendem que a privatização da telefonia trouxe melhora no serviço e redução do custo. Um erro, a “melhora” no serviço, na verdade, foi reflexo da implantação de uma nova tecnológica, a telefonia móvel – detalhe, a estatal fez o investimento para implantar a tecnologia e quando a maior parte estava consolidado, foi privatizada, sendo que o então Governador, Antônio Britto, saiu do Governo do Estado para ir trabalhar num consórcio participante do programa que adquiriu as estatais..
Mas voltando, a melhora foi causada a implantação da telefonia móvel, o custo evidentemente foi reduzido pelo choque de oferta no seguimento.
Aí tem outro mito: o da “possibilidade de escolha” com o fim do monopólio. Pois bem, a venda da CRT ocorreu em meados nos anos noventa e de lá pra cá o controle sobre a empresa trocou algumas vezes de mãos e até foi, em parte, fatiado, contudo, não houve jamais qualquer investimento de mesmo porte em estrutura física. Resultado: até hoje toda a distribuição é monopólio da empresa que possui a rede construída pelo Estado (que foi privatizada). Toda ilusão de “alternativas” que o mercado dá são de empresas que compram o direito de usar a rede de distribuição construída ainda pela antiga CRT, e lá se foram cerca de vinte e cinco anos…
Pense nisso quando for avaliar a questão dos Correios . A estrutura permite analogias, a prova é a utilização da estrutura dos Correios pelas transportadoras privadas. Privatizar não significa nem melhora nem fim do monopólio, significa entregar a iniciativa privada um monopólio com uma estrutura construída pelo Estado.
A venda da CRT não trouxe melhora do serviço, ao contrário. A estrutura estatal, ao não visar lucro, permitia que a empresa mantivesse unidades físicas em quase todas as cidades, coisa que desapareceu. O nível dos técnicos piorou drasticamente com a introdução dos serviços terceirizados, além, é claro, do processo de demissão em massa ocasionado pela privatização, e consequente precarização das relações de trabalho para os funcionários que ficaram na empresa.
Defenda o serviço público.
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A FARSA DO ESTADO GRANDE: O BRASIL NÃO TEM MUITOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS
– Graduado em História desde 2006, atua nos níveis fundamental e médio desde 2005. trabalha com os componentes curriculares de História, Filosofia, Sociologia e Geografia. Tem experiência como Tutor dos cursos de graduação em Pedagogia e Ciências Sociais. Cursando Pós-graduação em Ensino de Filosofia e Sociologia para o Ensino Médio.
Texto do Escavador;