O dia 11 de setembro de 1973 marca a conclusão do golpe militar orquestrado pelos EUA que depôs e matou o presidente eleito do Chile, Salvador Allende, implantando uma ditadura militar e economicamente liberal. Quebrando uma sucessão de governos democraticamente eleitos, uma raridade na América Latina, que o Chile tinha desde 1932.
Desde bem antes deste verdadeiro ataque terrorista, ainda na década de 1950, os EUA já começavam a interferir sorrateiramente na política chilena — o Chile era o líder mundial em produção de cobre –, conseguindo, em 1958, eleger um opositor de Allende; na década de 1960, investiram milhões de dólares em grupos anticomunistas — assim como fizeram no Brasil, ajudando no golpe civil-militar de 1964.
Allende concorreu às eleições novamente em 1970. Os EUA fizeram propaganda massiva tentando convencer os chilenos de que Allende destruiria a democracia — história que ouvimos até hoje. A ordem era não deixar que ele fosse empossado ou derrubá-lo — novamente, palavras que ouvimos recentemente; e também na década de 1950. “Façam a economia gritar”, disse Nixon. Allende foi eleito. Dois dias depois, Nixon ordenou sua retirada. Agora era preciso colocar em prática o plano B, o golpe militar.
Até tentativa de suborno a parlamentares e militares foi feita; sem sucesso. Eram “honestos demais”. O General René Schneider, chefe do exército, era um seguidor da constituição. Um problema para eles. Para driblar esse problema, criaram um plano para sequestrar o general; mas outros generais, estes envolvidos com os conspiradores, chegaram antes e assassinaram Schneider.
Depois de muita propaganda, guerra econômica, sabotagem, propinas, traições e conspirações, em 1973 os EUA/CIA ordenaram que todos os seus agentes induzissem o máximo possível de militares, se não todos, a derrubarem Allende. Surgiram protestos antigoverno. E no dia 11 de setembro, militares dirigidos pelo general Augusto Pinochet realizaram o golpe, atacando o palácio do governo, implantando uma ditadura militar com direcionamento econômico extremamente liberal.
“Eu não vou renunciar. O capital estrangeiro — imperialismo unido com reacionários — criaram o clima para que o exército rompesse com sua tradição. Viva o Chile! Vida o povo! Essas são as minhas últimas palavras. Estou certo de que meu sacrifício não terá sido em vão. Estou certo de que será ao menos uma lição de moral, e um repúdio ao crime, à covardia e à traição.”
Salvador Allende, 11 de setembro de 1973.
Esse foi só o começo do terror. O governo golpista liberal desregulou a economia com base (e apoio direto) de economistas da Escola de Chicago, dentre eles o próprio Milton Friedman, transformando o Chile num laboratório neoliberal. O experimento neoliberal “nas melhores condições que se pode ter” acabou com o poder de compra dos chilenos, aumentou o desemprego, o monopólio, a desigualdade. Foi um completo fracasso. E é isso que estão tentando fazer no Brasil hoje.
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