Aprovado ontem no Senado por 62 votos a favor contra apenas 16 contra (e todos votos de partidos de esquerda) PEC emergencial que congela salários (e deixa a inflação reduzi-los) dos servidores públicos e proíbe promoções e concursos.
Eu não tenho nem palavras pra expressar o absurdo que é, em plena pandemia que bate recordes de mortes diários (1.910 mortes só ontem), o parlamento aprovar com tamanha facilidade a redução/congelamento de salários de enfermeiros, médicos, profissionais da saúde em geral, em plena pandemia. Sabe o que não reduziram? O salário deles mesmos.
Isso, é claro, faz parte de terrorismo fiscal que advoga que “o governo não tem dinheiro” pra pagar auxílio emergencial, mesmo tendo aprovado crédito extraordinário de quase 1 TRILHÃO de reais sem efeitos inflacionários expressivos (a inflação do fim de ano e do começo desse ano vem de outras causas, como desabastecimento do mercado interno por excesso de exportação, como no caso do arroz, ou inflação de preço global, como no caso dos combustíveis).
Enquanto esse terrorismo fiscal segue, milhares de trabalhadores morrem por serem obrigados a ir trabalhar, já que o governo se recusa a pagar um auxílio-emergencial digno, ao mesmo tempo em que faz de tudo para impedir vacinação e lockdowns.
Os sindicatos, apesar de leves protestos verbais, estão enfraquecidos ou jogados aos pelegos: impera o discurso centrista de “esquerda e direita são a mesma coisa”, sendo que os únicos que lutaram pela vida e por quem trabalha são, invariavelmente, de esquerda.
Me parece que teremos que chegar ao fundo do poço antes que a classe sofredora desse país acorde e tome alguma atitude. A pergunta que não se cala é: qual o fundo desse poço?
Tempos sombrios.
EDIT: retiraram a parte de redução de salários mas mantiveram congelamento de salário, proibição de promoção e de concursos, entre outras medidas. O mais absurdo dessa PEC é o terrorismo fiscal expresso na “contrapartida fiscal” para o auxílio esdrúxulo de apenas 250 reais, mas tô esperando ver como vai ficar pra dar ênfase nisso.