Jornal Hoje fazendo propaganda da “nova disciplina” do Ensino Médio: o Projeto de Vida. Uma disciplina obrigatória que terá mais tempos de aula do que História, Geografia, Filosofia e Sociologia, que, além de menos tempo, serão optativas.
A reportagem já demonstra claramente o teor da disciplina: psicologização dos problemas sociais, individualização da responsabilidade pelo “sucesso” ou “fracasso” no mercado de trabalho, alienação das condições sócio-históricas das relações de trabalho, normalização do capitalismo e redução da dimensão humana dos alunos de escola pública à mera condição de vendedores de força de trabalho no mercado.
Uma das principais funções da escola no capitalismo é justamente a reprodução das relações de trabalho, incutindo nos jovens da classe trabalhadora os valores e atitudes propícios à resignação diante de sua condição. “Resiliência” e “perseverança”, valores oficializados pela BNCC, foram destacados pela reportagem.
Pois bem, esta função até então extracurricular, de sociabilização para adequação à ordem capitalista, com essa disciplina de Projeto de Vida, torna-se de fato um componente curricular obrigatório no ensino médio.
Outro detalhe muito sintomático da submissão das políticas educacionais aos interesses do capital é o fato de que essa “nova disciplina” não está prevista na letra da lei, nem pela BNCC, nem pela lei que institui o novo ensino médio, mas torna-se disciplina antes de tudo nos livros didáticos elaborados por empresas privadas e comprados pelas secretarias de educação; ou seja, são as empresas privadas que lucram com a educação pública (com fundo público!) que instituíram essa nova disciplina.
Este é o nível de influência que o capital hoje detém sobre a educação pública. Esta é a lógica da contrarreforma educacional.