A tese da frente ampla (com o centro e até setores da direita) só se sustenta se retocarmos a fotografia para ela parecer o que gostaríamos que fosse.
Por isto, há tanta pressa, destes que a defendem, em definir o governo Bolsonaro como um regime fascista, ignorando as lições de Marx.
E há até gente que é capaz de citar o 18 Brumário, para concluir o seu oposto.
Afinal, sofistas não habitam só a Grécia Antiga.
Ora, ora.
A urgência de uma frente ampla, que aplaca diferenças programáticas- inclusive com setores golpistas e mercantis- só se justificaria/justifica se:
1. O governo Bolsonaro conseguir dominar inteiramente o regime, o que inclui os 3 Poderes e a Mídia.
– Não me parece que é isto que está ocorrendo.
2. O governo Bolsonaro conseguir fechar o regime.
– De novo, esta possibilidade não está colocada, hoje.
3. O candidato Bolsonaro correr o risco de ganhar no primeiro turno.
– As pesquisas eleitorais demonstram o contrário.
4. Não houver uma alternativa de centro como oposição a Bolsonaro, no segundo turno.
– Os levantamentos de intenção de voto mostram Lula assegurado no segundo turno.
Sendo assim, não se entende porque certas legendas de centro ou centro-esquerda insistem em liquidar a fatura no primeiro turno, com um grande acordão.
É por cansaço ? Economia de recursos eleitorais?
Ou receio de um debate programático que possa se deslocar mais à esquerda?