Pouca gente sabe, mas “A Riqueza das Nações”, a obra clássica do liberalismo econômico de Adam Smith, foi escrita por encomenda da “Companhia das Índias Ocidentais”, a primeira corporação do mundo, empresa de transporte exportadora do auge do imperialismo inglês no começo da revolução industrial.
O objetivo era simples, expandir os negócios dando um instrumento discursivo para a Inglaterra desovar seus excedentes forçando a abertura dos portos pelo mundo.
Os EUA são o que são porque resistiram a isso e nasceram para se opor ao imperialismo inglês.
Não é a abertura comercial que torna um país competitivo, como os liberais que postam o ranking do “Heritage Foundation” pregam, mas sim é um país competitivo que pode e deve abrir sua economia.
Um país com uma economia competitiva pode se dar ao luxo de não produzir determinados bens aonde não é o mais competitivo, porque pode trocá-los por bens que produz com mais competitividade.
Se um país pouco competitivo faz isso vai para a miséria porque tem pouca coisa que possa trocar por algo, quando tem alguma, e não consegue produzir esses bens que não consegue importar no país, porque a economia está aberta e eles entram melhores e mais baratos.
Abertura comercial num país não competitivo dizima setores de mais tecnologia e o primariza.
O câmbio desvalorizado compensa parte disso, mas não tudo. É necessário investimento do Estado nos setores que podem ajudar a compensar nossa balança. Por isso que a abertura dos anos noventa com economia dolarizada foi a maior chacina industrial da história da América Latina.
A abertura comercial de um país tem que ser feita na medida do que ele consegue exportar (porque é mais competitivo nisso) menos o capital que manda para fora (lucro de multinacionais e pagamentos de empréstimos). É matemática, não ideologia.