O mundo civilizado, embora pressionado pelo capital, guarda um mínimo de racionalidade. O liberal brasileiro, nem isso.
1. A produção de vacinas no mundo é X.
2. A demanda de vacinas no mundo é, suponhamos, 3X.
3. O Brasil disputa parte desse X com recursos públicos de até R$ 2.000.000.000.000,00 (nossas reservas cambiais, 350 bilhões de dólares).
4. Ao permitir que privados disputem a mesma oferta X, faz com que a demanda suba para, por exemplo, 4X.
5. Não é imaginável que a iniciativa privada brasileira disponha de mais de 350 bilhões de dólares.
6. Assim, economicamente, não há ganho de competitividade para a compra.
7. Pelo contrário, a oferta cai de 0.33X para 0.25X pra demanda pública brasileira.
Mas tem um agravante: sequer um aporte de dólares privados haverá!
A iniciativa privada não pode demandar vacina, porque como dito, o mundo civilizado não vê lógica e legitimidade em aumentar a demanda de vacinas para agentes privados quando falta para os públicos.
Assim, a ideia é que o Estado brasileiro compre as vacinas para os empresários, que a receberiam do setor público, usariam e então devolveriam um percentual.
Então, seguimos:
8. O Estado vai usar o recurso público para demandar vacina pro agente privado.
9. O Estado irá então competir com sua própria demanda pela mesma oferta X, encarecendo-a.
10. Pagará então mais por uma quantidade Y de vacina.
11. Só ficará com parte dessa quantidade Y, pagando mais que pagaria sem a auto-concorrência privada.
12. Não haverá aumento de doses disponíveis, apenas a troca do Plano Nacional de Imunização por uma fila VIP.