Ontem, o governo egípcio fez uma cerimônia que deixou o mundo encantado. Tratou-se do transporte de 22 múmias de reis e rainhas do período do Reino Novo (1.550 a 1.069 AEC), ou seja, que governaram entre 3,5 a 3 mil anos atrás. Tudo transmitido ao vivo para todo o mundo.
A cerimônia foi respeitosa com os falecidos. Os antigos monarcas receberam as pompas de chefes-de-estado e foram deslocados do prédio histórico do Museu do Cairo na Praça Tahir para o novo Museu Nacional da Civilização Egípcia, construído para ser o maior do mundo dedicado a um único tema. Agora, as múmias serão melhor conservadas e as peças que antes ficavam empilhadas no antigo museu terão o tratamento adequado em um imenso complexo onde poderão ser visitadas e estudadas.
Houve um concerto com músicas em egípcio antigo e árabe moderno. O cortejo fúnebre procurou reproduzir o simbolismo egípcio utilizado nas cerimônias de enterramento, com as comitivas vestidas com indumentárias que remetem à época. O tom de grande evento virtual alegrou pessoas em todo o mundo que, trancados em casa numa quarentena, tiveram um dia de admiração para esta antiga civilização.
Alguns criticaram os exageros e a forma como o governo egípcio capitalizou o evento. Penso que os egípcios estão fazendo o que qualquer país deveria: valorizar seu ativo cultural que, no caso deles, é a História. Assim, chamaram a atenção do mundo para o novo museu a fim de reanimar o turismo no país.
Espero este museu abra uma nova etapa para a pesquisa em Egiptologia e aproxime cada vez mais as pessoas comuns desse conhecimento que desde milênios fascina gregos, romanos, árabes, europeus e hoje alcança todos os territórios do globo. Sim, do globo porque a Terra é redonda, já diziam os egípcios muito antes de Galileu.